11 de set. de 2018

Pesquisas de intenções de voto ou O inferno está cheio de boas intenções

Isso é um texto de revolta.

É comportamental. O problema da democracia é o humano e o seu comportamento. Um dia alguém achou que a melhor forma de tomar decisões era fazendo um balanço dos interesses da maioria e isso originou a democracia. O "Dicionário de Política" de Norberto Bobbio define, baseado em várias citações de outros estudiosos, que a democracia é mais um método do que uma ideologia. Acho que convêm citar o último trecho da definição:
"O único ponto sobre o qual uns e outros poderiam convir é que a Democracia perfeita — que até agora não foi realizada em nenhuma parte do mundo, sendo utópica, portanto — deveria ser simultaneamente formal e substancial".
A democracia formal é a do povo. A substancial é para o povo.
Deixa de ser só uma ideologia porque é aplicada. Vira um método porque existe a necessidade de se contornar um problema. Aqui, agora, a teórica sou eu. TEÓRICA! A minha TEORIA é: o problema somos nóizes.
Nosso método não é perfeito porque se forem feitas "regras para esse jogo", elas nunca serão completamente respeitadas.
A regra que eu quero abordar nessa discussão (ou monólogo) também está no Dicionário de Política do Bobbio e diz o seguinte:
"Todos os eleitores devem ser livres em votar segundo a própria opinião formada o mais livremente possível, isto é, numa disputa livre de partidos políticos que lutam pela formação de uma representação nacional".
É irônico! Tudo que envolve nosso sistema, seja político ou econômico, é irônico.
É que um dia alguém achou que a melhor forma de tomar decisões era fazendo um balanço dos interesses da maioria e isso originou a democracia.
Daí em certo outro dia (leia como em época de eleição) alguém achou que divulgar pesquisas de intenções de voto era um bom auxílio de tomada de decisões. Mas, vejo eu, que tal ato tem servido mais para influenciar votos.
Não é livre quem escolhe seu candidato baseado em pesquisas de votos.
Eu sei! É tentador! Se perto do dia das eleições alguém te prova que a maioria de uma amostra de quantidade significativa de gente vai votar em um candidato que você não suporta, É LÓGICO que você vai querer votar em quem tem mais chance de derrubar seu oponente, segundo a pesquisa.
Mas essa decisão não é sua! Você não queria votar naquela pessoa! Você pesquisou e existe um candidato que compactua bem mais com as suas ideias e tem uma ficha bem mais limpa!
Se ninguém soubesse dos resultados da pesquisa, essa "decisão" seria evitada e os votos seriam legítimos.
Eu não digo que as pesquisas são anti-democráticas porque é regra da democracia quebrar as regras. Mas que elas nos distanciam da perfeição do nosso método, isso é indiscutível!
E O PIOR DE TUDO: as pesquisas de voto são feitas no mundo inteiro. Ou seja, dessa vez não foi o brasileiro que inventou moda.
Então, baseada na minha revolta, me aventurei no Google em busca de países que proíbem esse negócio que agora eu não quero nem escrever o nome (vamos chamar as pesquisas, a partir de agora, de "você sabe quem").
Para o meu espanto, não encontrei um país que a proibisse, mas achei um caso em que foram impostas restrições à sua divulgação em certo período antecedente às eleições (isso também é feito no Brasil, mas em um intervalo bem mais curto de tempo).
O ano foi 2013. O país, Itália. Ela restringiu as divulgações por um tempo de duas semanas antecedentes. Para nossa surpresa, deu merda.
Essa mania de fazer "você sabe quem" e divulgá-la já está encalacrada na mente humana. A mídia italiana passou a fazer pesquisas não registradas e espalhar rumores sobre as intenções de voto. Acabou que os resultados das eleições foram insuficientes para a resolução dos reais problemas italianos. Confusão total. 
Li nesse artigo que depois disso seria feita uma reforma eleitoral na Itália que repararia esse problema da divulgação das "você sabe quem". Procurei informações sobre o que virou, mas eu teria que aprender italiano para dizer o que foi modificado na reforma. Infelizmente, pouca gente se incomoda com os "você sabe quem", então pouco se fala sobre.

~Parte da postagem reservada para se estruturar no modelo "O Brasil que eu Quero" do Jornal Nacional~
O meu mais novo sonho é que se pesquise mais sobre os candidatos e que os votos sejam todos legítimos. Que fake news não interfiram nas decisões, bem como divulgações de pesquisas de intenções de voto. Esse ano tem-se a oportunidade de fazer algo muito importante para o futuro do Brasil. Então sejamos otimistas, verdadeiros e que o melhor aconteça!
Amém? Amém! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário