8 de out. de 2018

O que há de Macabéa em mim
ou
Saída discreta pela porta dos fundos

      Tudo no mundo começou com um fim. Uma molécula teve fim para dar início a outra e assim nasceu a vida. Por isso, antes da minha história, já existia a pré-história, que é a da Macabéa. Todo mundo sabe que a Macabéa é "verdadeira, embora inventada", palavras da Clarice Lispector; que ela compõe o Rodrigo S. M., que compõe a Clarice, que conseguiu colocar em simples palavras a sua essência. Isso não é fácil, percebo agora.
      Mas não me vejo neste papel de Clarice. O de se esconder nas personagens. Então, agora, a personagem da minha história sou eu mesma. Eu sou a Macabéa, mas você deve me chamar de Luciana... ou Lu... ou Luce... ou tudo que se refere àquela menina pequenininha que se perde em um mar de gente, mas que, acima de tudo, está perdida em si.
      Só que eu não sou de todo a Macabéa da Clarice, ou melhor, do Rodrigo S. M.. Eu sou a Macabéa da Luciana. Personagem da minha "A Hora da Estrela". Eu me invento baseada em mim. As trajetórias são diferentes, mas as semelhanças estão no aspecto existencial. Ter que pensar nas minhas atuais condições... aaaarrrgh, muitas vezes prefiro não fazer. É o aspecto existencial que me incomoda, então digo que ele é o que há de Macabéa em mim.
      As semelhanças também estão naquela esperançazinha de ser uma estrela. Na vontade de pegar um batom vermelho e passar de qualquer jeito para me sentir a Marilyn Monroe (e que decepção!). São esses aspectos que me recordam das vezes que me lembro de mim, mesmo que não sejam frequentes. Então digo que eles também são o que há de Macabéa em mim.
      Eu poderia finalizar esse texto de maneira discreta (outro ponto em comum entre Macabéa e eu) e dizer que acabei de sair pela porta dos fundos, mas acho importante relembrar:
      Não se esquecer de que por enquanto é tempo de morangos (e de se questionar do porquê não dá morango o ano inteiro).
      Fim.

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